O que uma conversão à esquerda pode nos ensinar sobre big data
As fraldas do bebê estão acabando, e a mamãe está no trabalho. Papai de primeira viagem interrompe a transmissão do futebol ao vivo no YouTube e vai para o Google pesquisar quais são as melhores marcas. Depois de ler as avaliações e decidir sua compra, é hora de digitar o nome do mercado no Waze para chegar lá. Como ninguém é de ferro, aproveita e compra uma cerveja também. No caixa, fornece seu CPF para computar pontos no programa de fidelidade. Chega em casa, troca a fralda do pequeno. Experiência exitosa: foto no Instagram! Vou comemorar com a cerveja, pensa o pai orgulhoso de seu feito. Cerveja amarga demais, fora da temperatura ideal. E lá vai ele xingar muito no Twitter.
Deu para realizar a quantidade de dados que foram gerados nesses poucos minutos da aventura de um pai? Qualquer atividade gera dados, e marca nenhuma quer desperdiçá-los. Informações muito valiosas quando usadas da forma correta. Tão valiosas quanto um pai que deixa o jogo para trás para correr atrás das fraldas do bebê.
E o que ganham as empresas que trabalham no processamento desse grande número de dados? Quais as vantagens do big data? Às vezes, uma informação muito importante pode estar nos detalhes. E conhecer esse dado pode influenciar muito no resultado final.
Conhecer bem cada cliente para uma comunicação personalizada
Sabendo que conhecer bem o perfil de seus consumidores é premissa para que a empresa consiga atendê-los bem, uma das principais vantagens do big data é o agrupamento de informações. O algoritmo vai aprendendo o comportamento do usuário e montando seu perfil. São informações que as áreas de marketing e vendas usarão ao longo da jornada do consumidor.
A Netflix é uma empresa que conhece bem seus consumidores. O que eles assistem, a que horas, seus atores favoritos, quantos episódios, em que dispositivo. Essas informações são analisadas para que seja oferecida ao usuário uma programação cada vez mais personalizada.
Gestão do orçamento
O big data também é um grande aliado para a gestão financeira das empresas, funcionando como bússola para a tomada de decisões. Uma das grandes missões das diretorias financeiras é justamente a capacidade de realizar previsões mais precisas, considerando variáveis internas e externas, com o objetivo de otimizar os investimentos.
O projeto ORION (On-Road Integration Optimization and Navigation), a UPS, uma das maiores empresas de entrega do mundo, revolucionou seu negócio. Com a iniciativa, a transportadora desenvolveu um algoritmo com mil páginas de código para analisar trilhões de rotas. Nesse plano de otimização de rotas, foram instalados sensores em toda a frota para que fosse analisado seu desempenho.
Uma das principais descobertas foi a ineficiência que era realizar uma conversão à esquerda (ou à direita, em países de mão inversa), pois fazia seus veículos perderem tempo e gasolina, no tempo ocioso de cruzar contra o fluxo. A UPS tomou a decisão de evitar ao máximo – ou até eliminar – as conversões à esquerda por parte de seus veículos. Como resultados das otimizações de rotas, passaram a ser economizados 38 milhões de litros de combustível anualmente, fazendo com que 20 mil toneladas de dióxido de carbono deixassem de ser emitidas. Além disso, a empresa consegue realizar 350 mil entregas a mais.
Integração dos dados
Qualquer atividade gera dados, muitas vezes isolados. As empresas que conseguirem integrar informações dos programas de fidelidade, buscas no Google, mobile, redes sociais, demográficas, entre outras, sairão na frente. Os usuários podem até querer deixar seus dados em diferentes plataformas, desde que sejam usados em seu benefício, melhorando sua experiência.
A Walgreens, maior rede de farmácias dos Estados Unidos, tem o programa Balance Rewards, voltado à saúde e bem-estar. No aplicativo, o agendamento de lembretes das medicações auxiliam na adesão ao tratamento. Ao conectar um wearable, os clientes ganham pontos em troca de escolhas saudáveis, como caminhar uma milha, perder peso ou parar de fumar, e mantendo esses dados na aplicação. Com base nessas informações, a empresa vai comunicar-se com os clientes. Por exemplo, enviando um e-mail para frequentadores próximos a determinada loja, com ofertas de produtos que eles já compraram ou são mais propensos a adquirir de acordo com seu comportamento.
Ajuste de estratégias em tempo real
Com o grande volume de informações sendo processado e visualizado em tempo real, as estratégias podem ser modificadas imediatamente frente a alguma necessidade. Projeções bem fundamentadas orientam, a qualquer hora, a tomada de decisões mais inteligentes.
Prevendo o estoque e planejando sua vitrine, a Renner, por exemplo, utiliza as redes sociais para monitorar a aceitação dos clientes pelas peças comercializadas. Todos os dias, gerentes das lojas recebem relatórios das interações nas redes sociais e previsões do tempo. Assim, uma minissaia pode ter seu lote ampliado, enquanto um vestido florido recebe um destaque especial na vitrine.
Trouxemos os exemplos de algumas empresas que utilizam a informação e o big data a seu favor, obtendo grande impacto nos seus negócios. Talvez, continuar fazendo conversões à esquerda quando estiver dirigindo seu carro, não resulte em uma grande economia para você. Entretanto, se a sua empresa for a UPS ou você tiver uma grande frota, essa preciosa informação obtida pode lhe ajudar a economizar alguns milhões de litros de combustível.